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2003-10-09 16:38
COMENTÁRIO - PRETENDENTES RUSSOS AO PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA


Anatoli Koroliov, observador político da RIA "Novosti"

Entre os pretendentes ao Prémio Nobel da Literatura deste ano, ganho pelo sul-africano Joseph Maxwell Coetzee, havia cinco escritores russos, entre eles três poetas. No próximo ano eles continuarão a disputar o mais prestigioso prémio literário do mundo, já que a lista de pretendentes passa de um ano para o outro. Ela contém cerca de cinco centenas de nomes, cinco dos quais são da Rússia: os romancistas Andrei Bitov  e os poetas Bella Akhmadullina e Konstantin Kedrov. Este último, autor de magníficas poesias filosóficas, continuador da poesia cósmica de Blok e das tradições do futurismo russo, foi incluído na lista de pretendentes há pouco tempo. Bella Akhmadullina é uma personalidade sonhadora e fascinante. A sua voz na poesia é fria e transparente como um deserto nevado. Ela canta a solidão, a pureza e o amor impossível. Durante muito tempo a sua popularidade na Rússia poderia ser comparada com a popularidade de uma estrela da música pop. Ela recitava poesias em estádios, o seu dom lírico arrancava lágrimas dos olhos dos seus admiradores. Envolta em peles negras e com sangue tártaro nas veias, Bella Akhmadullina podia acertar com a sua poesia directamente no coração como se fosse uma punhalada.

Hoje em dia a sua popularidade tornou-se mais modesta, pois os novos tempos exigem novos ídolos, e o aspecto requintado da poetisa já não diz muito à geração mais nova. Para a geração dos jeans é difícil apreciar o brocado.

Receberá Akhmadullina o Prémio Nobel? É difícil dizer. As suas duas grandes antecessoras Anna Akhmatova e Marina Tsvetaeva não o receberam, embora tivessem merecido.

Os poetas russos tiveram mais sorte na Suécia.

O primeiro laureado russo com o Prémio Nobel foi o grande poeta Ivan Bunin (1933). Na sua poesia aliaram-se de maneira admirável, como duas asas angélicas, a lírica paisagista, a melancolia das extensas planícies russas e o erotismo intenso.

Depois dele foi galardoado com o Prémio Nobel o genial Boris Pasternak (1958). Mas por ironia do destino, com o prémio foi contemplado o seu único romance e não a poesia que tinha escrito durante toda a vida.

O último laureado russo foi Iossif Brodski (1987) cuja genialidade pode ser comparada com Veneza (que ele tanto amava) inundada por um mar de sentimentos.

Continua a manter hipóteses de receber o Prémio Nobel o poeta Guennadi Aigui, cujas poesias cheias de música e ritmos modernos são compostas de uma maneira extravagante. É difícil encontrar-lhe analogias na poesia russa. As suas obras não são uma simples versificação, mas representam, antes de tudo, a criação da sua própria linguagem, dotada de uma energia forte e sombria. Estes versos poderiam possivelmente ser compostos por um lobo selvagem, se Deus tivesse dado ao animal o dom da linguagem poética
 

A lista dos concorrentes ao mais prestigiado prémio do mundo termina com o escritor Andrei Bitov, intelectual, esteta, oriundo de São Petersburgo, admirador de Puchkin. O principal livro da sua vida é o romance "Casa de Puchkin". O romance foi escrito nos anos do poder soviético, no período da censura política e da prepotência do realismo socialista. Durante muitos anos o escritor não teve autorização de publicá-lo e o enorme manuscrito era transmitido de mão em mão. Neste livro fala-nos das penosas buscas do sentido da vida por parte da intelectualidade contemporânea russa. É uma espécie de continuação do romance "Doutor Jivago" do Prémio Nobel Boris Pasternak, só numa nova etapa histórica. É um romance-panorama, um romance-confissão.

Os cinco nomeados russos para o Prémio Nobel - Akhmadullina, Bitov e Kedrov - representam dignamente a Rússia, tal como os cinco escritores que já o receberam.

 

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